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Especialistas alertam sobre iminente ameaça aos córregos e nascentes de Campo Grande 

Mobilização da sociedade para salvar o lago do Parque das Nações Indígenas em 2019
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Especialistas afirmam que embora Campo Grande seja rico em água, tendo 33 córregos, a ausência de cuidados apropriados com as nascentes e os lagos são preocupantes.

Durante a participação em uma Live no último sábado (23), cuja tema era Nascentes e Biodiversidade nas Cidades, o biólogo e consultor ambiental, José Milton Longo, citou a riqueza hídrica e de biodiversidade existente na capital e em todo o estado, mas ressaltou a falta de cuidados por parte do poder público e da sociedade com estes locais.

“Nós somos uma capital abençoada. Temos 33 córregos. É preciso preservar. O Lago do Amor, que padece da urbanização, por exemplo, recebe as águas do córrego Bandeira e do Cabaça. Ele sofre de assoreamento severo. Já é possível ver ilhas se formando, uma vez que a vegetação vem colonizando.  Ali está indicando a formação de um futuro brejo, caso não se tenha os devidos cuidados com os sedimentos”, esclareceu.

O biólogo foi enfático em apontar caminhos que devem ser adotados para que não ocorra a ‘morte’ de muitos lagos, incluindo o Lago do Amor. “Se não ocorrer uma revitalização, como que ocorreu no lago do Parque das Nações Indígenas, o do Amor está fadado a reduzir sua lâmina d’água e sua função hidrológica naquela área, além de perder esse aspecto humano: de atrações de pessoas, movimentação da economia local, o melhoramento de espírito da pessoa pelo fato de estar num ambiente natural. É fundamental que o assunto seja inserido na agenda política”, explicou.

Outro lago destacado durante a Live foi o do Rádio Clube Campo. De acordo com o biólogo, há um ‘imbróglio’ que precisa ser esclarecido indicando quem é o responsável pelos cuidados com o local.

“O lago do Rádio Clube Campo, embora seja particular, o recurso hídrico é do córrego Bandeira. No momento em que ocorre uma transformação de um lago num brejo, simplesmente o poder público municipal se isentou da responsabilidade. Ficou para o poder público recuperar? Ficou para sociedade esse ônus? Precisamos ficar vigilantes. Pela falta de uma legislação mais específica, pela falta de atribuições de responsabilidades, a gente fica nessa vacância de quem é a responsabilidade de recuperação daquele recurso hídrico. Carecemos de políticas mais direcionadas para os cuidados e a responsabilização do empreiteiro, do estado, do município, enfim, de todos que fazem interferências”, alertou.

Outros córregos

Durante o programa, a doutora em Recursos Hídricos, Celina Dias, criticou a falta de cuidados com outros lagos localizados em Campo Grande. A ponderação se deu após o estado investir cerca de R$ 4, 5 milhões para recuperar área do Lago do Parque das Nações Indígenas, e construir uma bacia de contenção, mas não dar a mesma atenção aos demais que sofrem com problemas iguais ou até mais graves. 

O domínio das águas é competência do estado, exceto os rios que fazem divisa com outros países. No nosso caso, os rios que cortam até o Paraguai e a Bolívia. A lei que existe e obriga cuidados, o que falta é uma regulamentação, um decreto, uma resolução, que exija ao pé da letra e que atribua um respaldo jurídico. No caso dos ‘primos pobres’, como é o caso do córrego Bandeira, Bálsamo, Lageado, Imbirussu e Lagoa, que não estão localizados no Parque dos Poderes, onde estão instalados os ‘Poderes’, vemos que eles não receberam a mesma atenção”, ressaltou,

A técnica alertou que a falta de políticas públicas no setor já aponta para prejuízos preocupantes. “O córrego Bálsamo já não tem mais condições de ser aprovado nenhum projeto de drenagem urbana ali, pois qualquer projeto já dá insuficiente. Há inundação em qualquer ponto visível. Ele não aguenta mais nenhuma instalação, porque ele vai inundar mesmo. O uso e ocupação precisa estar junto aos recursos hídricos”, concluiu.

Penalização

Ainda segundo José Milton, é preciso enrijecer as leis, aplicar as penalizações e ampliar o efetivo de fiscal a campo. “Se temos problema de descarte de lixo em áreas de nascentes, aumente a fiscalização, cerque a área, faça um trabalho de educação coletiva e ambiental regional, puxe a orelha do cidadão. Já o poder público, enrijeça a lei e aplique penalidades mais severas”, esclareceu.

Fique por dentro. Assista à Live completa aqui

Redação Bisbilho MS

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