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Produção de absorventes beneficia alunas da rede pública e reeducandas em Rio Brilhante

Fotos: Agepen, Rio Brilhante
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Com a produção mensal de aproximadamente 3 mil absorventes, as reeducandas que cumprem pena no Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante, beneficiam as alunas da rede pública de ensino e são inseridas no mercado de trabalho. A atuação garante dignidade e combate à pobreza menstrual a mulheres dentro e fora do presídio.

O projeto teve início em 2022 em aproximadamente nove meses de funcionamento já produziu em torno de 25 mil absorventes que são distribuídos nas oito escolas municipais de Rio Brilhante e também para as 120 mulheres que estão no presídio da cidade. A ação envolveu a criação do “Setor de Confecção de Absorventes Descartáveis” e a capacitação de internas para atuarem especificamente na produção.

Além de proporcionar uma oportunidade de trabalho e renda para as reeducandas, o projeto tem foco principalmente nas jovens alunas que não possuem meios de adquirir absorventes para uso no período menstrual, o que muitas vezes resulta no afastamento escolar.

“Muitas meninas, quando ficam menstruadas, deixam de frequentar a aula por não terem acesso ao absorvente. É muito importante e uma segurança para elas. Mudou muito a vida das alunas e garante o acesso delas à escola”, afirmou a assistente social da Secretaria Municipal de Educação de Rio Brilhante, Ana Paula Piana.

A cada semana são produzidos entre 600 e 800 absorventes, uma parte é destinado para o uso das reeducandas e o restante é entregue nas escolas de Rede Municipal de Ensino, garantindo que as alunas do 7° ao 9° ano do ensino fundamental consigam frequentar as aulas durante o período menstrual.

O projeto entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), que possibilita a mão de obra das internas, e a prefeitura de Rio Brilhante, que fornece as máquinas e insumos para a produção, já tem resultados positivos e planos de expansão.

“Nós vamos produzir mais e conseguiremos atender, além das escolas municipais, também as estaduais e a Casa Lar, que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social”, afirmou Ana Paula.

Para aumentar a produção os absorventes serão embalados individualmente e a área de trabalho que tem seis reeducandas será formada por dez trabalhadoras.

“O trabalho em si é muito atrativo para elas, pois além da remição (a cada três dias de trabalho é diminuído um dia na pena), há remuneração e uma parte da produção é para uso das internas. A maioria não tem condições de comprar e ter o absorvente ajuda muito”, disse Luciana Freitag, diretora do presídio – em substituição – e responsável de trabalho.

Lucineide dos Santos Albuquerque, 38 anos, cumpre pena há oito meses e a experiência de trabalho em um frigorífico e na fabricação de biodiesel ajudou na confecção dos absorventes. “Estou há cinco meses na produção dos absorventes, usei para testar e é muito bom. Fico muito feliz de saber que podemos ajudar as alunas”.

O trabalho também é reconhecido por beneficiar as alunas hipossuficientes. “Quando eu frequentava a escola, minha família não tinha condições de comprar, eu usava absorvente caseiro feito com toalhas ou panos, que era muito comum. Mas agora elas têm oportunidade de ter algo melhor, que vai ajudá-las a frequentar as aulas”, disse Lucineide.

Dignidade menstrual

Todas as pessoas que menstruam têm direito à dignidade menstrual, o que significa ter acesso a produtos e condições de higiene adequados. A pobreza menstrual tem um impacto negativo em todos os aspectos da vida de mulheres e meninas no Brasil.

A falta de condições econômicas para comprar absorventes é um dos desafios, apontados pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), para o combate à pobreza menstrual no Brasil – com estimativa de que uma a cada quatro menina falta à escola enquanto está menstruada.

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